Transtornos do Sono – Entenda Mais

O sono é uma etapa crítica para o corpo entrar em vigília, mas muitas pessoas sofrem na hora de dormir. Imaginar um longo dia de trabalho pela frente sem conseguir dormir adequadamente à noite é um problema que afeta milhares de brasileiros todos os dias. Problemas de sono interferem de maneira significativa na qualidade de vida e estão entre as principais causas de baixa produtividade. Abaixo segue uma relação dos principais transtornos do sono.

Insônia

A insônia é sem dúvidas o principal transtorno de sono, interferindo de maneira significativa na qualidade de vida das pessoas acometidas e estão, certamente, entre as principais causas de baixa produtividade nas sociedades modernas.

Os problemas da insônia vão muito além de uma noite mal dormida. Outras questões podem ocorrer, por exemplo, lapsos de memória, falta de atenção, dores de cabeça, mau humor, desânimo, sonolência excessiva diurna, dificuldade para retenção de informações novas, queda de produtividade, entre outros.

De qualquer forma, talvez o maior problema da falta de sono à noite esteja durante o dia, ou seja, na sonolência excessiva diurna, com prejuízo funcional significativo para o indivíduo. E existem diversos fatores que podem contribuir para uma noite de insônia. Entre eles: estresse, preocupação, má alimentação, consumo de álcool e/ou café antes de dormir, excesso de peso, excesso de ruídos na rua ou na própria residência, entre outros.

Para minimizar os problemas causados pela insônia, medidas simples de higiene do sono devem ser seguidas:

  • criar uma rotina para dormir
  • controlar som, luz, temperatura, cama, travesseiro
  • evitar café ou bebidas com cafeína 4 a 6 horas antes de deitar
  • evitar exercícios físicos intensos antes de deitar
  • usar a cama apenas para dormir
  • procurar um médico quando as medidas comportamentais não estiverem funcionando

O tratamento da insônia geralmente consiste em avaliar as causas secundárias e, quando necessário, indutores do sono não-benzodiazepínicos, benzodiazepínicos e antidepressivos poderão ser utilizados, a critério do médico assistente.

Síndrome da apneia obstrutiva do sono

Dentre os vários distúrbios do sono, a síndrome da apneia obstrutiva é, sem dúvida, um dos mais comuns, acometendo principalmente os homens. Trata-se de um distúrbio obstrutivo do sono no qual há um aumento da resistência nas vias aéreas superiores que determina dificuldade à passagem de ar durante o sono, período em que há maior flacidez do arcabouço das vias respiratórias superiores. A consequência é a apneia (pausas respiratórias), ronco e falta de oxigênio transitória no sangue (hipoxemia).

Algo importante de se observer é que muitas vezes a “pista” para a apneia do sono não vem do ronco em si, principalmente se o indivíduo não tem um companheiro de cama. Nestes casos, é preciso ficar atento para outros sintomas como sonolência excessive diurnal, falta de concentração, mau humor e hipertensão arterial.

O que provoca o ronco é a flacidez durante o sono de algumas estruturas como palato mole e úvula, composição óssea da face, pescoço, boca e sua abertura que dificultam a passagem de ar, e aumento do tecido gorduroso visceral, principalmente no abdômen. Mas vale lembrar que nem todas as pessoas que roncam têm apneia. Há roncadores sem apneia, aqueles que têm somente resistência aumentada nas vias aéreas superiores à passagem de ar durante o sono. No entanto, estes indivíduos têm maior risco de desenvolver apneia.

O tratamento para a apneia consiste em perda de peso, cirurgias otorrinolaringologicas, uso de aparelhos intra-orais e o uso de máscaras com pressão contínua de oxigênio (CPAP). A cirurgia é indicada em situações específicas como crianças e adolescentes roncadores e com grandes adenoides/tonsilas, malformações crânio-faciais ou quando o tratamento com aparelho intra-oral ou CPAP não é tolerado ou não funciona.

Enfim, é preciso ficar atento com a apneia do sono e entender que suas consequências vão muito além de uma noite mal dormida.

Parassonias

O sono fisiológico é dividido em ciclos que se repetem ao longo da noite. Estes ciclos, por sua vez, são compostos de 2 fases, o sono não-REM e o sono REM. Assim, um indivíduo que dorme uma média de 7 a 8 horas por noite terá cerca de 5 ciclos do sono. As parassonias, alterações do comportamento que ocorrem durante o sono, são um problema relativamente comum, em particular na infância, como o sonambulismo, uma parassonia do sono não-REM. Por outro lado, também existem situações de parassonias em adultos, que se iniciam em geral após os 50 anos, e são conhecidas como parassonias do sono REM ou transtorno comportamental do sono REM, no qual a pessoa, é capaz de experimentar o conteúdo (normalmente violento) de seus sonhos.

Mais importante que tratar, estas parassonias precisam ser cuidadosamente diagnosticadas. Em geral, as parassonias do sono REM são benignas e autolimitadas, enquanto as parassonias do sono REM, como o transtorno comportamental do sono REM, podem albergar problemas neurológicos que irão se desenvolver no futuro.

Narcolepsia

A narcolepsia é uma das causas mais subdiagnosticadas de sonolência excessiva diurna, geralmente ocorre em adultos jovens e pode estar associada a outros sintomas como cataplexia, que é uma perda súbita do tônus muscular desencadeado por situações com forte conteúdo emocional; paralisia do sono, quando a pessoa acorda, mas percebe que está “presa” em seu próprio corpo, imobilizada por alguns instantes; alucinações hipnagógicas, quando o conteúdo dos sonhos parece invadir a vigília e confunde-se com a realidade.

A narcolepsia tem critérios diagnósticos bem estabelecidos e polissonografia com teste de múltiplas latências do sono são importantes. O tratamento auxilia muito e geralmente é feito com estimulantes do sistema nervoso central.

Síndrome das pernas inquietas

A síndrome das pernas inquietas, SPI, é um problema neurológico muito comum, porém, pouco reconhecido. Acomete de 5 a 10% da população. A denominação “pernas inquietas” decorre do fato de o indivíduo ter que movimentar as pernas para aliviar seus sintomas associado ao que chamamos de “movimentos periódicos dos membros” quando, neste caso, durante o sono e involuntariamente, ocorre também movimentação das pernas.

Os principais sintomas são: sensação de desconforto (dor, formigamento, ardor) nas pernas, do joelho para baixo, especialmente no final do dia ou que piora em períodos de repouso prolongado.

O diagnóstico da SPI deverá ser feito por um médico, uma vez que vários problemas podem confundir com isto. Devemos suspeitar de pessoas que reclamam de dor crônica nas duas pernas, ao final do dia, que melhora com movimentação e massagem. Outra pista são os movimentos periódicos dos membros, que ocorrem à noite, durante o sono, e são involuntários. Isto normalmente desarruma os lençóis/cobertores e pode ser percebido pelo parceiro(a) de cama.

Em relação ao tratamento, é necessário evitar alguns fatores que podem piorar a SPi por exemplo uso excessivo de cafeína. Existem, entretanto, algumas medicações que podem amenizar bastante os sintomas como remédios das seguintes classes: agonistas dopaminérgicos, anticonvulsivante e benzodiazepínico. Um médico familiarizado com SPI deverá sugerir a melhor opção ao paciente.

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