A Doença de Alzheimer (DA) é a doença neurodegenerativa mais comum da atualidade. Com uma prevalência que aumenta gradualmente a partir dos 60 anos, chega a acometer 20% da população após os 85 anos de idade. Veja abaixo as principais dúvidas sobre a DA:
1. Quais são os principais sintomas da DA?
R.: O principal sintoma inicial da DA é a perda de memória, que tipicamente afeta a memória recente, ou seja, o paciente com DA inicial mantém vividas as lembraças antigas de sua vida, mas muitas vezes é incapaz de se lembrar do que comeu ontem. Com o evoluir da doença, outros sintomas aparecem, como pobreza do vocabulário, dificuldade de localização e dificuldade de resolver problemas ou lidar com situações que anteriormente seria capaz de realizar sem dificuldade. Em fases mais avançadas podem surgir distúrbios do comportamento, alucinações e em fases terminais acontecem alterações motoras, como incapacidade para andar ou engolir.
2. Como é feito o diagnóstico da doença de Alzheimer?
R.: O diagnóstico definitivo só poderia ser realizado com uma biópsia cerebral, o que é impraticável na prática clínica. Portanto o clínico consegue estabelecer um diagnóstico de probabilidade baseando-se no perfil de perda cognitiva (perda principalmente em memória recente), com achados típicos em exames de neuroimagem, como a atrofia da região hipocampal. Recentemente tem surgido formas promissoras para ampliar o poder diagnóstico na DA, como exames no líquido cerebro-espinhal (dosagem do peptídeo beta- amilóide e da proteína tau fosforilada) ou através da tomografia por emissão de pósitrons (PIB-PET).
3. Como é feito o tratamento da DA? Existe alguma forma de paralisar ou regredir a evolução da doença?
R.: Inicialmente é preciso deixar claro que não existe nenhuma forma de paralisar a evolução da doença e todas as medicações disponíveis na atualidade apenas melhoram temporariamente os sintomas da doença. Existem dois grupos de medicações indicadas especificamente para o tratamento da DA. As drogas que aumentam a disponibilidade de acetilcolina no cérebro (drogas anticolinesterásicas – rivastigmina, donepezila e galantamina), indicadas para fases leve e moderada da doença e a memantina, droga com efeito anti-glutamatérgico, indicada para fases avançadas da doença. É muito importante salientar que, além destas medicações, drogas antidepressivas, ansiolíticas e antipsicóticas podem ser utilizadas no manejo de alterações comportamentais, alucinação e insônia, sintomas frequentes e que frequentemente causam grandes problemas ao paciente e cuidadores.
4. Existe algo que pode ser feito para se reduzir o risco de desenvolver a DA?
R.:Vários estudos nos últimos anos têm sugerido que a redução de fatores de risco cardiovasculares poderia reduzir o risco de se desenvolver a DA. Desta forma, o controle da pressão arterial, da diabetes, do níveis de colesterol, a realização de atividade física regular são boas medidas para redução do risco de DA. Acredita-se também que pode ser positiva a opção por uma dieta “mediterrânea”, com ingestão de vinho em baixa quantidade frequentemente, azeite no lugar do óleo vegetal, queijos brancos substituindo os mais amarelados e trocando a carne vermelha por peixe. Adicionalmente, vários estudos demonstram que pacientes com maior escolaridade estão mais protegidos, assim é importante manter a mente ativa e atualizada com leitura de livros, jornais e revistas, realização de palavras cruzadas, sudoku e atividades afins.