Todos conhecem alguém que teve um AVC. Mas o que poucas pessoas sabem é que parte das pessoas com AVC, na verdade, tiveram primeiro um AIT. Primeiramente, vamos definir para você leitor o que significam as siglas AIT e AVC.
Começarei pela sigla mais comum, ou seja, AVC, que significa Acidente Vascular Cerebral. Do ponto de vista prático, isto quer dizer que um indivíduo com AVC teve um déficit neurológico (motor, sensitivo, cerebelar, visual, linguagem, etc.) decorrente de uma isquemia (“entupimento” de uma artéria cerebral) ou hemorragia (“rompimento” de uma artéria cerebral) e este déficit durou obrigatoriamente mais de um dia (normalmente semanas ou meses), podendo ocorrer recuperação parcial, total e, em alguns casos, sem qualquer recuperação.
AIT, por outro lado, significa Ataque Isquêmico Transitório, ou seja, uma determinada artéria cerebral sofre um “entupimento”, ocorre um déficit neurológico, mas a grande diferença entre o AIT e o AVC é que o déficit neurológico no AIT, necessariamente, será reversível em até 24 horas (normalmente um tempo bem mais curto).
A grande questão sobre o AIT é que, embora estes indivíduos não ficarão com sequela, existe um risco enorme para que ocorra um AVC propriamente dito. Assim, AIT é um dos principais fatores de risco para o AVC.
E como evitar que um AIT vire um AVC?
Basicamente, o principal segredo estaria em evitar ambos, ou seja, controlar os principais fatores de risco modificáveis como hipertensão arterial, tabagismo, diabetes, dislipidemia e arritmias cardíacas. Isto é o que chamamos de prevenção primária e quer dizer que o indivíduo não teve nem um AIT e nem um AVC, mas poderá estar em risco.
Sobre o cigarro, cabe lembrar que mesmo o fumo passivo representa um risco importante de AVC.
A outra questão diz respeito aos indivíduos que já tiveram um AIT no passado. Estes precisam de uma investigação detalhada para verificarmos qual ou quais fatores de risco modificáveis estão presentes, tratá-los, incluindo uma pesquisa das artérias cerebrais e extracerebrais, além do coração, que poderão apresentar problemas passíveis de correção. Por exemplo, um paciente que teve um AIT do território da artéria carótida interna esquerda e será colocado um stent nesta artéria.
Em resumo, AIT é a ponta do iceberg para um AVC. Logo, qualquer déficit neurológico transitório, especialmente em indivíduos com fatores de risco cerebrovasculares, deverá ser investigado cuidadosamente, não se subestimando suas possíveis consequências.